Igreja Evangélica
Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 65.9-13; Is 55.10-13; Rm 8.12-17; Mt 13.1-23 – 5º dom. após Pentecostes A 2014
A Palavra de Deus: semente que dá fruto
v. 23: “Mas o que foi semeado em boa
terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a
sessenta e a trinta por um”.
Quem
trabalha com plantação e colheita sabe que está sempre sujeito a algum
imprevisto. Assim como num ano pode dar muita coisa, no outro pode não dar
nada. Também pode ser que de 100% do que foi plantado, vingue apenas sessenta
ou trinta por cento. E são vários os fatores que podem influenciar na seara e impossibilitar
uma boa colheita.
A
parábola do semeador que Jesus conta aparece em Mateus, Marcos e Lucas.
Portanto, uma parábola que ficou gravada na mente de muitas pessoas. Queremos
que também fique gravada na nossa para que lembremos sempre desse ensinamento
tão importante que Jesus dá com esta parábola.
Na
parábola do semeador o mestre faz uso de uma cena bastante comum ou pelo menos
conhecida pelas pessoas para falar do reino de Deus. Com um exemplo da
agricultura Jesus fala do semear da Palavra e do colher dos frutos que esta
Palavra dá.
Sabendo
que a semente significa a Palavra de Deus, o solo só pode ser o lugar onde esta
Palavra é semeada, lançada, ou seja, o coração. E nós percebemos que Jesus fala
de quatro tipos de solo, mas de uma única semente. A semente que Deus lança é
sempre a mesma, a sua Palavra. E o problema nunca está nesta semente. É no
cultivo, na colheita ou no solo que podem acontecer alguns imprevistos.
Mas
primeiro vamos ver quais são esses tipos de solo que Jesus fala. Primeiro Jesus
fala da semente que cai na beira do caminho e as aves acabam comendo. Vocês
sabem que o jeito mais comum de semear é lançar a semente com as mãos. Hoje
existem máquinas que fazem esse trabalho. Mas naquele tempo, na Palestina, o
que tinha? Não tinha nada. O jeito era atravessar a lavoura lançando as
sementes.
E,
claro, dependendo do lance ou até do vento algumas sementes podiam cair na
beirada do caminho e não exatamente onde devia. Jesus vai dizer que assim é com
aqueles que recebem a Palavra de Deus, porém não a compreendem.
Por
isso Jesus diz que aquele que tem alguma coisa vai ter mais ainda, enquanto o
que não tem, o pouco que tiver ainda lhe será tirado. Jesus está falando da fé.
Aquele que recebe a Palavra, mas não entende porque não crê, esse mesmo o pouco
que foi semeado em seu coração o diabo vem e leva embora para que não exista
nem a chance de mais tarde essa semente germinar e a pessoa chegar à fé.
Por
isso a Igreja não pode cansar de semear. A Palavra precisa ser lançada sempre
de novo porque, às vezes, a semente cai na beira do caminho. E se isso já é tão
importante para nós, que cremos, quanto mais para aqueles que não creem.
Aliás,
é aí que entra a nossa responsabilidade como cristãos, de sermos constantemente
reabastecidos pela Palavra de Deus para que, na hora da semeadura, não falte
semente. Mas que estejamos não só carregados de sementes como também preparados
para lança-las da melhor forma possível.
O
segundo tipo de solo que Jesus fala é um solo rochoso com muito pouca terra.
Assim é o coração daquele que recebe a Palavra de Deus com alegria, entusiasmo.
Mas logo essa alegria vai embora.
O que
acontece é que um solo raso, com pouca terra, permite que o sol penetre ali com
mais vigor e a semente germina mais rápido. No entanto, como por baixo só tem
pedra, a planta não consegue criar raízes e assim como ela veio também vai.
Normalmente
essa é uma pessoa que recebeu a Palavra de Deus só quando adulta. E ela fica
muito feliz por conhecer a mensagem do Evangelho que até então não conhecia. Só
que o coração ainda é muito duro para compreender e aceitar tudo o que diz a
Palavra de Deus. Então essa pessoa se encontra confusa.
É
aquela pessoa que a cada domingo está numa igreja diferente. Que pensa que
todas as religiões são iguais. Que se escondem atrás daquele “Deus é um só” e
acabam fazendo uma salada de frutas com a doutrina bíblica. Realmente não criam
raízes, não se firmam nem em lugar nenhum nem em coisa alguma e aí, claro, como
diz Jesus, na primeira dificuldade, na perseguição ou no sofrimento da vida cristã
já abandona a fé.
Depois
Jesus fala de um solo extremamente despreparado para o plantio. Dificilmente
alguma coisa vai nascer ali. É um solo cheio de espinhos que sufocam a planta e
não permitem que ela se desenvolva.
Esse
é aquele coração que recebeu a Palavra. A semente chegou no lugar certo,
germinou e está crescendo. Mas parece que há outras prioridades na vida de modo
que nunca dá tempo de se preocupar com o crescimento dessa plantinha.
Essa
é aquela pessoa que no trabalho não pode faltar. De jeito nenhum! Pode estar
morrendo. Mas no culto ela pode e, às vezes, até por razões que não justificam.
O culto parece não tem importância porque não me dá aquilo que eu espero ou aquilo
que eu quero para esta vida: dinheiro, bens, propriedades e assim por diante.
Esse,
sem dúvida, é o pior solo que existe: o solo do amor às riquezas; o solo do
amor ao mundo onde as coisas pertencentes a este mundo são mais importantes do
que as coisas de Deus. É o solo onde o ser humano se coloca no lugar de Deus e
pensa que não precisa de nada nem de ninguém. Afinal ele é autossuficiente
demais para precisar de Deus.
Esse
é o pior solo que existe porque se trata de um coração que recebeu a Palavra de
Deus, que conhece a Palavra de Deus e, mesmo conhecendo, ainda faz o contrário
do que ela diz. Enquanto Jesus diz “buscai em primeiro lugar o reino de Deus”,
ele busca em primeiro lugar o seu próprio reino.
Por
último, finalmente Jesus fala de um solo que deu certo. É quando a semente cai
em terra boa e aí ela germina e cresce e dá muito fruto. Aliás, essa é a única
situação onde a semente chega ao ponto de dar fruto. Jesus diz que esse é
aquele coração que recebeu a Palavra, compreendeu a Palavra e agora produz os
frutos que esta Palavra permite dar.
É
aquele que chegou à fé verdadeira. Que tem o reino de Deus em primeiro lugar na
sua vida. E essa fé, como uma árvore frondosa, dá os seus devidos frutos, é o
cristão que realiza as suas boas obras.
E nessa
situação, mesmo que o diabo queira levar essa fé embora, mesmo que os caminhos
rochosos queiram nos desanimar, mesmo que os espinhos da vida nos sufoquem
seremos vitoriosos. Porque o semeador cuida daquilo que planta. E Deus é o
semeador da sua Palavra. Ele semeou a sua Palavra em nosso coração, fez
germinar a fé, crescer e dar frutos e agora nos cultiva com todo o seu amor e
cuidado.
Pela
sua Palavra da Lei para o arrependimento, continua sempre preparando o solo do
nosso coração, nos fazendo priorizar o que realmente é importante e, assim, nos
prepara para recebermos com uma alegria que não tem fim a semente mais preciosa
que é a mensagem do Evangelho salvador.
Essa
é a mensagem que não queremos esquecer: a mensagem bíblica. A maravilhosa
mensagem da salvação. Por isso queremos estudar esta Palavra. Queremos amar
esta Palavra. Porque esse não é um livro qualquer, é a Palavra do nosso Deus.
Sim,
os imprevistos sempre podem acontecer e acontecem. Pedras, espinhos... Sim, o
coração humano é um solo difícil de trabalhar. Porém Deus, pela sua Palavra, e
só por ela, pode e quer cuidar de cada um de nós. O solo pode ser afastado,
empedernido ou sufocado, a Palavra de Deus é o poder de Deus e sempre pode
transformar qualquer solo em terra boa. Só é preciso semear.
Enquanto
caminhamos por esta lavoura vamos semeando, vamos lançando as sementes da
Palavra de Deus. E Deus, a seu tempo, faz o seu trabalho. Lembremos e confiemos
que ele, o grande semeador, sempre cultiva a sua seara e não descuida de nenhuma
semente. Amém.
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