Igreja Evangélica
Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 34.12-22; Pv 9.1-10; Ef 5.6-21; Jo 6.51-69 – 12º dom. após Pentecostes B 2015
Sabedoria e confiança
v. 68: “Respondeu-lhe
Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna”.
Sabedoria e confiança.
Eis aí dois ingredientes fundamentais para um bom relacionamento. Seja entre
amigos, seja entre marido e mulher, patrão e empregado. Sabedoria para saber
lidar com situações inesperadas e difíceis; confiança para saber que um pode
contar com o outro, que um tem o apoio do outro.
Na continuação de João
6, agora já ao final do capítulo, somos hoje convidados a refletir sobre isso.
Embora o texto de João não fale de sabedoria, os outros textos, especialmente
Provérbios, nos fazem enxergar que sabedoria é coisa que vem de Jesus e como
ela é importante.
Mas quando falamos da
sabedoria que a Bíblia nos apresenta, sempre é inevitável perguntar: Quem é
sábio? A Bíblia nos incentiva a buscar a sabedoria, a sermos sábios, a agirmos
como sábios. Mas quem é sábio?
Primeiro é necessário
perceber que Deus, na riqueza da sua Palavra, tem diferentes formas de falar de
Jesus e de apontar para Jesus. Em Provérbios, por exemplo, Jesus é apresentado
como a sabedoria. Por isso ele diz que o temor ao Senhor é o princípio da
sabedoria e nos impele tantas e tantas vezes a buscarmos a sabedoria.
Portanto, ser sábio,
antes de qualquer coisa, é conhecer a Jesus, crer em Jesus, estar em Jesus.
Agora que já cremos, nós podemos entender e aceitar o convite de buscar
constantemente a sabedoria. Ou seja, de buscar constantemente a Jesus. Porém
nada disso começou por nossa escolha, mas pelo milagre da conversão.
Inclusive, quando
Jesus estava dizendo aos seus ouvintes que ele era o pão da vida e que o pão
que ele daria ao mundo para que o mundo tivesse vida era a sua própria carne e
sangue, ele percebeu que muitos não creram nas suas palavras. E mais adiante
ele repete o que já tinha dito no versículo 44: “Ninguém poderá vir a mim, se,
pelo Pai, não lhe for concedido”.
E isso, ao mesmo tempo
em que mostra que a fé em Jesus não parte de nós (como já vimos semana
passada), também mostra que Deus quer nos atrair a Cristo. E há vários textos
que dizem isso. Um bom exemplo sempre é Ez 33.11, onde lemos: “Tão certo como
eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o
perverso se converta do seu caminho e viva”.
Isso tudo até nos faz
pensar em uma possibilidade a mais no nosso testemunho e missão: Alguém já
tentou pedir a um descrente que ore ao Deus verdadeiro pedindo fé em Jesus?
Alguém vai dizer: – Mas de que adiantaria? Deus não vai ouvir a oração de
alguém que nem crê nele. Será?
Se Deus é quem derrama
chuvas sobre justos e injustos e faz nascer o seu sol sobre maus e bons
(mostrando que ele não faz distinção), por que ele não ouviria a oração de um
descrente? E ainda por cima uma oração pedindo fé. Claro que não vamos
substituir o anúncio de Jesus, mas quem sabe esta seja uma última opção. Uma
chance a mais de levar alguém a Jesus.
Aliás, o testemunho
cristão é um dos frutos da sabedoria. A partir do momento em que somos feitos
sábios mediante a fé, o Espírito Santo nos move a vivermos como sábios. E se
ser sábio é crer em Jesus, viver como sábio só pode ser seguir o exemplo de
Jesus e observar os seus mandamentos.
Quem crê em Jesus, mas
não vive como sábio, pelo contrário, continua nos seus pecados e não busca
servir a Deus com a sua vida, em primeiro lugar corre o grande risco de se
afastar de Jesus até o ponto de cair da fé. Por isso, quem não vive diariamente
o arrependimento e a nova vida em Cristo, por mais que se diga cristão, vive
uma história que pode não ter um final feliz.
E, em segundo lugar, quem
ignora o que Deus diz na sua Palavra e vive como se fosse o dono do próprio
corpo e alma, perde a chance de ter uma vida na companhia de Deus. Podemos ter
certeza de que quando a Palavra de Deus parece não trazer nenhum benefício não
é porque lhe falte poder, conforto e orientação, mas porque nós não temos dado
o devido valor e importância que ela merece. E por este desprezo à Palavra de
Deus somos condenados a viver sem o consolo da companhia e proteção de Deus.
Por isso sabedoria e
confiança andam de mãos dadas. Quem é sábio confia em Jesus e sempre busca nele
o que precisa. E, em qualquer situação, mesmo na mais atroz adversidade, repete
com Pedro: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna”.
É importante frisar
que esta é a verdadeira confissão cristã, porque há quem busque a Jesus, mas
“só por garantia”, por “prevenção”, também se refugia no dinheiro; ou confia em
amuletos, horóscopo; busca auxílio na feitiçaria, na maçonaria. E, dessa forma,
nega sua fé cristã, rejeita a Cristo e atrai sobre si a ira de Deus.
A fé cristã não
precisa de muleta. Mas do que isso, a fé cristã não aceita muletas. Se Jesus
não é o suficiente nas minhas aflições, nas minhas necessidades, então a minha
fé não é verdadeira e eu peco grandemente contra o primeiro mandamento.
Ser sábio é confiar em
Jesus e atender às suas palavras, aos seus ensinamentos e às suas promessas.
Viver sabiamente é fazer a vontade de Deus na certeza de que ele sempre está
presente e que ele quer guiar a nossa vida pelo melhor caminho, nos abençoar
com a sua presença e, por fim, nos levar para junto de si num maravilhoso lugar
onde não haverá mais luto, nem pranto, nem dor.
A grande esperança do
cristão não se limita a viver bem, com saúde, com posses. Não se limita ao que
este mundo tem a oferecer. Mas é para a vida eterna. Pedro não queria ir a
nenhum outro porque é Jesus que tem as palavras da vida eterna. E são essas
palavras que importam.
“No mundo vocês vão
sofrer” diz Jesus. No mundo enfrentamos as consequências do pecado: sofrimento,
morte, destruição. E, por isso somos tentados a buscar a solução disso tudo
aqui mesmo.
Mas Jesus nos convida
a recorrermos somente a ele. A colocarmos diante dele, em oração, toda
angústia, amargura, desespero, ansiedade, na confiança de que ele nos ouve e
nos atende e que ele sabe exatamente do que nós precisamos.
Ser sábio é confiar na
Palavra de Deus que nos ensina a confessar: “O Senhor é o meu pastor, nada me
faltará”. Ela também diz: Cairão mil à tua esquerda, dez mil à tua direita, mas
tu não serás abalado. E o que Deus disse a Josué, ele também diz a cada um de
nós: Sê forte e corajoso... Não porque você é bom, não porque você tem
recursos, mas porque eu estou contigo.
Por isso nos nossos
relacionamentos, precisamos cultivar a sabedoria e a confiança. Sabedoria para
sabermos lidar com as diferentes situações e confiança para podermos sentir que
não estamos sozinhos nem desamparados. Além, é claro, de sermos o amparo daquele
que precisa.
E no nosso
relacionamento com Deus, que só existe por causa de Jesus, sejamos sábios:
confiemos sempre e unicamente em Jesus. É ele quem nos orienta e ajuda já nesta
vida e o único que pode nos dar a vida eterna. Amém.
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