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domingo, 19 de julho de 2015

Mensagem 8º dom. após Pentecostes B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 23; Jr 23.1-6; Ef 2.11-22; Mc 6.30-44 – 8º dom. após Pentecostes B 2015
Jesus ensina a dar graças
v. 41: “Tomando ele os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e, partindo os pães, deu-os aos discípulos para que os distribuíssem; e por todos repartiu também os dois peixes”.
Sempre que alguém faz alguma coisa por nós, temos já por hábito e educação agradecer. Pedimos as horas e depois dizemos “obrigado”. Pedimos um favor e então dizemos “quando precisar de alguma coisa, pode contar comigo”. São hábitos e práticas tão comuns, tão simples, mas que ao mesmo tempo nos permitem viver bem em nossa sociedade, especialmente com aqueles que são mais próximos, pois assim construímos uma realidade onde um ajuda o outro e, assim, podemos tanto nos sentir amparados pelos outros como também realizados por estarmos ajudando alguém.
Do versículo destacado há pouco, quero ainda fazer mais um destaque das palavras “erguendo os olhos ao céu”. Aqui percebemos que o próprio Jesus deu graças, agradeceu ao Pai celeste pelo alimento que estava em suas mãos. Assim como ele fez na instituição da Santa Ceia. E até hoje nós dizemos que ele, “tendo dado graças, o partiu e o deu aos seus discípulos”.
Imediatamente percebemos que, para Jesus, o dar graças sempre vem primeiro. Ele primeiro deu graças, só depois deu aos discípulos. E assim também aqui onde ele realiza a primeira multiplicação de pães e peixes. Ele ergue os olhos ao céu e o evangelista João acrescenta “tendo dado graças”.
Talvez pareça até desnecessário dizer que todo cristão deveria agir da mesma forma. Dar graças. Agradecer a Deus por tudo o que ele nos concede todos os dias. E, portanto, agradecer todos os dias.
E outra coisa que muitas vezes passa despercebida neste texto, mas que é muito importante para a nossa reflexão – e quem sabe até para mudarmos algumas atitudes – é o fato de que Jesus manda que os discípulos recolham o que sobrou. E aí nós lemos que eles recolheram doze cestos cheios de pão e de peixe.
Por que Jesus tem essas atitudes? Por que ele agradece pelo alimento e não desperdiça as sobras, mas manda recolher? Porque Jesus reconhece aquilo como bênção de Deus. Jesus sabe muito bem que tudo o que nós possuímos, e de forma especial aquilo que possuímos para nossa sobrevivência, é fruto do amor de Deus que sempre nos supre com todo o necessário para o corpo e a alma.
Por isso cabe perguntar também: Será que sempre temos isso bem claro na nossa mente? Que atitudes de gratidão nós temos demonstrado diante de Deus? Um bom começo pode ser seguir o exemplo de Jesus: orar antes de cada refeição agradecendo pelo alimento. Talvez não que vamos orar a cada vez que a gente comer uma bala. Mas se “não temos tempo” para agradecer pelo alimento pelo menos três vezes por dia, nas principais refeições, isso no mínimo significa que, do nosso ponto de vista, Deus não precisa ser louvado pelo que nós possuímos.
Além disso, essa questão do tempo nem explica nada porque a oração da mesa é a oração mais comum no meio luterano e é uma oração tão curtinha: “Vem, Senhor Jesus, sê o nosso convidado e tudo o que nos dás nos seja abençoado”. E mesmo que alguém não conheça essa oração, pode muito bem fazer alguma outra. Ou pelo menos fazer como Martinho Lutero nos ensina no catecismo: “Os olhos de todos esperam em ti, e tu lhes dás o seu mantimento a seu tempo. Abres a tua mão e satisfazes os desejos de todos os viventes”. Isso não leva nem quinze segundos.
Portanto, se reconhecemos, como a Bíblia ensina, que tudo o que somos e possuímos não é nosso, nem nos pertence e nada merecemos, mas é puramente fruto da graça de Deus, então a gratidão precisa vir como uma consequência. Claro que, sim, Deus pode nos dar essas mediante o nosso trabalho, mas ainda assim é dele. É o Criador cuidando da sua Criação.
E aqui mais uma vez vale a pena lembrar do que aprendemos no catecismo sobre o Deus Criador: que tudo isso ele faz unicamente por sua paterna bondade e misericórdia sem nenhum mérito ou dignidade da nossa parte.
Então será que nós realmente temos a opção de não agradecer? Que direito nós temos de nos sentarmos à mesa e sairmos comendo como descrentes que não conhecem a Deus, nem o temem, nem o amam? Deus não obriga a gratidão. Até porque se a minha oferta, a minha oração acontece por constrangimento, já não existe gratidão. Por outro lado, para quem enxerga na sua vida as bênçãos de Deus, os gestos, as atitudes de gratidão surgem espontaneamente.
E Deus nos criou justamente para que vivamos para o seu louvor e glória. E fazemos isso quando vivemos a nossa vida comum com gratidão em nosso coração. Porque isso nos estimula e nos move a dar graças a Deus por todos os seus benefícios e, como consequência, a nos esforçarmos ao máximo para viver uma vida agradável a ele.
Por isso dar graças a Deus é o mínimo que se pode esperar de alguém que se diz cristão. Porque se o Espírito Santo o chamou para junto de Deus pela fé em Jesus e o fez reconhecer que ele não passa de uma criatura de Deus que, em tudo, depende do seu Criador, tanto para a salvação como para as suas necessidades corporais, então naturalmente que ele vai agradecer a Deus por sua vida, por sua família, por fazer parte de uma igreja cristã e, claro, pelo pão de cada dia.
Claro, apesar de que, na teoria nós ensinamos e assim cremos, que todo cristão tem no coração o desejo de servir a Deus e de ser-lhe grato, não podemos ignorar que ainda somos pecadores. A fé em Jesus não elimina ou diminui o problema do nosso pecado. E o pecado em nós sempre vai nos tentar a esquecer que tudo vem de Deus e, como consequência, vivermos sem sermos agradecidos. Isso nos leva, como cristãos, a entrarmos na luta contra o pecado.
É bem provável que fomos bem educados e já tenhamos desenvolvido o hábito de retribuir os que nos fazem o bem com gestos de gratidão. E como a gente sabe, isso é muito bom. Mas é um hábito que também precisamos desenvolver diante de Deus. Ou seja, buscar cada vez mais uma vida santificada.
Só para dar alguns exemplos, vamos colocar isso em termos práticos: Se você não ora espontaneamente, comece a orar por responsabilidade; se você não se interessa pela Palavra de Deus, leia-a por autodisciplina; se você não sente fome nem sede da Santa Ceia e por isso não tem valorizado os cultos, participe dos cultos com mais seriedade lembrando que é mandamento de Deus.
Não que essas atitudes em si vão fazer alguma diferença, mas o fato de nós vivermos uma vida de oração, leitura bíblica e comunhão vai fazer com que cada vez mais nos reconheçamos como filhos de Deus que são diariamente abençoados por ele e, por esse reconhecimento, nos dedicarmos a servir a Deus com gratidão em nossos corações.
Por isso podemos dizer que o cristão louva, o cristão oferta, o cristão ora, o cristão agradece. Porque assim como agradecemos e até nos dispomos a ajudar aqueles que nos fazem o bem, assim também queremos agradecer e servir àquele que faz tudo por nós.
Em Jesus temos nosso grande exemplo: Se ele que era o próprio Deus, tantas vezes reconheceu o quanto dependia do Pai e deu graças por isso, com certeza é isso que devemos fazer também; nós, que em tudo carecemos da graça e do cuidado de Deus.
Sejamos nós também cristãos que erguem os olhos ao céu e dão graças a Deus. Sempre movidos pela lembrança de tudo o que o nosso bondoso Deus nos concede por sua graça todos os dias. E não só a vida eterna por causa de Cristo (que é o mais importante), mas também do tão importante pão de cada dia, que é tudo o que precisamos para viver enquanto estamos no mundo. Amém.

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