Igreja Evangélica Luterana Cristo –
Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl
85; Is 40.1-11; 2Pe 3.8-14; Mc 1.1-8 –
2º dom. no Advento B 2014
Arrependimento
para perdão e salvação
v. 4: “Apareceu João Batista no deserto, pregando
batismo de arrependimento para remissão de pecados”.
Natal chegando, começam os preparativos. Igrejas,
estabelecimentos e casas são enfeitados. Todos querem curtir e se envolver nesse
tempo natalino. Por mais que nem todos comemorem o Natal pela razão certa que é
a vinda do salvador ao mundo, o Natal é, sem dúvida, uma das festas mais
comemoradas e por isso toda essa preparação para o Natal que já começa pelo
menos com um mês de antecedência.
A mensagem de João Batista também visava preparação.
Mas que preparação era essa? Será que é uma mera preparação exterior, como
montar um pinheirinho dentro de casa ou pendurar uma coroa de Advento na porta?
Sempre que aguardamos a chegada de alguém à nossa
casa, procuramos deixar tudo preparado para receber aquela pessoa. Vemos se há
alguma coisa jogada pela casa, se vamos ter algo para oferecer ao visitante
como comida ou bebida. Se a pessoa vai dormir lá, também vemos se está tudo em
ordem no quarto.
Assim o texto de Marcos nos convida a nos
prepararmos para a chegada de Jesus. Precisamos ver se está tudo em ordem na
casa da nossa vida e da nossa relação com Deus. E como acontece essa
preparação, conforme João? Pelo arrependimento.
João Batista, em sua pregação no deserto, enfatiza
muito o arrependimento para o perdão dos pecados. Ele deixa claro, com isso,
que o perdão de Deus está aí disponível para todos, mas só recebem esse perdão
aqueles que reconhecem os seus pecados e deles se arrependem.
Na verdade, não só a mensagem de João Batista, mas a
mensagem bíblica quanto a isso é bastante clara. O próprio Jesus, em certa
ocasião, diz assim: Eu não vim pelos bons, e sim pelos pecadores. Com isso ele
quer dizer que existem pessoas boas e pessoas pecadoras. Sabemos muito bem que
todos, sem exceção, são igualmente pecadores. Mas aqueles que não enxergam os
seus pecados e por isso se acham bons não podem ser agraciados pelo perdão de
Jesus. Já os pecadores, ou seja, os que reconhecem a sua vida pecaminosa e esperam
seu perdão pela misericórdia de Deus, esses já receberam o seu perdão.
Hoje a gente percebe como tem muita gente que não
leva a sério o arrependimento. Mesmo cristãos. Pensam que podem compensar o que
fazem de errado fazendo coisas boas. Como se, com isso, não precisassem mais
mudar as suas atitudes nem se arrepender dos seus pecados.
Nem é tão raro a gente ouvir por aí algo do tipo:
“Domingo não deu para ir no culto, mas não vai ter problema porque eu não
pequei tanto essa semana” ou então “eu não fiz nada tão grave assim, então eu
sei que Deus está de bem comigo”.
Só que não é assim que a coisa funciona. Todo
pecado, por menor que seja aos nossos olhos, é tão grave diante de Deus na sua
santidade que, por um único pecado, nós já merecemos a condenação eterna. Por
isso ninguém pense que é chantageando a Deus com boas obras que vamos ser
perdoados, mas buscando nele, na sua misericórdia, que nos perdoe por causa do
seu amor por nós.
Esses são aqueles por quem Jesus veio no primeiro
Natal. Claro, como já foi dito, que Jesus veio ao mundo por amor a toda a
humanidade. Mas só aqueles que confiam somente nele como seu salvador recebem o
perdão dos seus pecados e a vida eterna.
Por isso João pregava o arrependimento e também
batizava os que se encontravam arrependidos como uma forma de confirmar neles o
perdão dos seus pecados. E agora, pelo nosso batismo, Deus convida também a nós
a sermos uma voz que clama no deserto.
Neste mundo deserto de perdão, amor e compaixão,
precisamos semear o evangelho de Jesus Cristo. A boa notícia da salvação. E não
só numa pregação de boca ou de palavra porque isso não resolve muita coisa, mas
um verdadeiro testemunho do amor de Deus com a nossa própria vida.
Com certeza, quando as pessoas viam ou ficavam
sabendo que João pregava num lugar tão incomum, usando as mesmas roupas do
profeta Elias (pelos de camelo e um cinto de couro) e se alimentava de
gafanhotos e mel silvestre, elas ficavam impressionadas ou, no mínimo,
curiosas.
Tudo bem que tudo isso pode ter um significado. Até
já falamos sobre isso há algum tempo. Mas, numa aplicação mais rápida e direta,
poderíamos fazer a seguinte oração: Que assim como João estimulava a
curiosidade nas pessoas pelo seu viver diferente, assim também possamos nós,
com um viver cristão, dedicado ao reino de Deus, despertar a curiosidade
daqueles com quem nos encontramos ou convivemos para que também tenhamos a
oportunidade de falar da razão da nossa alegria e do nosso viver cristão: É
porque, em Cristo, nós temos o perdão e a salvação.
Muitos são os que buscam essa paz, essa alegria,
essa razão de viver. Mas ainda não encontraram porque ninguém lhes falou de
Jesus. Por isso Deus, pelo batismo, pela sua Palavra, faz de nós suas
testemunhas a anunciar no deserto desse mundo o evangelho da salvação.
Em nossos dias também é muito comum vermos
pregadores que procuram chamar toda a atenção para si mesmos ou para a sua
igreja. Muitos cristãos também vivem uma vida hipocritamente exemplar só para
serem vistos e elogiados pelos outros.
Com João Batista aprendemos que não estamos aqui
para anunciar a nós mesmos ou uma mensagem que venha de nós. Mas anunciamos
somente a Cristo e a sua mensagem de salvação.
João chega a dizer que é não digno nem mesmo de
fazer o trabalho de um escravo para Jesus como, por exemplo, desatar-lhe as
sandálias. Essa humildade que vem do reconhecimento da nossa condição de
pecadores é uma característica forte do cristão. Porque ali, com certeza,
habita o Espírito Santo. E onde habita o Espírito Santo há sincero
arrependimento, certeza do perdão dos pecados e da vida eterna e também o desejo
de que mais pessoas conheçam a maravilhosa mensagem do Evangelho. É por isso
que João disse: Eu batizo com água, mas Jesus vai batizar com o Espírito Santo.
Diante dessa responsabilidade e, ao mesmo tempo,
privilégio que temos de anunciar o Evangelho, tanto mais se tornam importantes
duas coisas: 1) O fortalecimento da nossa fé pelos meios da graça, Palavra e
sacramentos, afinal nós não queremos cair da fé antes mesmo de anunciarmos o
salvador a outras pessoas e; 2) Crescer no conhecimento da Palavra de Deus para
que saibamos o que falar quando tivermos a chance.
A mensagem de João Batista não é de uma mera
preparação externa. Mas de um verdadeiro arrependimento, pelo profundo
reconhecimento da nossa natureza pecaminosa. E, assim, de maneira alguma
buscarmos a salvação no lugar errado, ou seja, em nós mesmos, mas naquele que
por amor a nós veio ao mundo, sofreu e morreu em nosso lugar para o perdão dos
nossos pecados.
Natal chegando, começam os preparativos. Não tem
nada de errado com a preparação externa (pinheirinho, coroa, luzes). Mas o mais
importante é preparar o nosso coração para receber a Jesus todos os dias de
todos os anos como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Amém.
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